Socialismo


A doutrina socialista tem origem no século XVIII, logo que consolidaram-se os

efeitos da revolução industrial sobre as sociedades modernas. É uma ideologia que critica o liberalismo econômico, e vai contra as noções de que o mercado é o princípio organizador da atividade econômica, devendo portanto ser preservado a todo custo. Surge principalmente como forma de protesto contra as desigualdades provocadas pelo intenso processo de industrialização, e contra as péssimas condições de vida dos trabalhadores. Os socialistas observam, com justa razão, que são o mercado e a livre concorrência as principais fontes das desigualdades (v. igualdade ) sociais.

O socialismo propõe então limitar o alcance do mercado através de mecanismos reguladores, e defende sobretudo o planejamento da produção como a forma mais eficaz de distribuir a riqueza produzida entre todos os membros da sociedade. Esta é a principal preocupação da ideologia socialista: promover uma distribuição equilibrada de bens e de serviços, tornando-os acessíveis a toda a população. Equivale a idéia de socialização da produção. Havia ainda duas correntes de pensamento socialista. A primeira, da qual Marx faz parte, argumentava que o socialismo só seria possível se todas as nações praticassem-no de forma simultânea, caso contrário o fluxo financeiro e as trocas comerciais entre elas impediriam um planejamento equilibrado de suas provisões e necessidades . Justamente por tratar o socialismo como algo inalcançável sob as condições impostas, essa corrente foi chamada de utópica (v. Utopia ). Já a outra corrente acreditava na possibilidade de implementar o socialismo em poucos países, e então depois de estabilizado expandí-lo para outros. Para isso seria preciso a intervenção do Estado na economia, pois este seria a única força capaz de controlar a atividade dos empresários capitalistas em benefício de toda a população. Alguns países tentaram efetivamente implantar o socialismo, todos eles influenciados pelo sucesso obtido pela U.R.S.S. após sua pioneira Revolução Bolchevique em 1917, entre eles a China.

Com o término da 2.ª Guerra Mundial, e sob a influência da mesma União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (da qual participavam mais de uma dezena de nações, incluindo a Rússia) muitos países do leste da Europa aderiram ao socialismo e sua planificação econômica, entre eles a Polônia, a Romênia, a Tchecoslováquia e parte da Alemanha (Alemanha Oriental). Para conter os riscos de interferência externa apontados pelos socialistas utópicos, era evitado todo o tipo de contato com países não-socialistas, que caso fosse realmente essencial seria regulamentado pelo Estado. A extrema interferência do Estado em todos os setores da economia levou alguns críticos a reduzir o socialismo, em suas manifestações reais, a uma espécie de “capitalismo de Estado”. Outra questão importante sobre os países socialistas diz respeito a ampliação exagerada de suas burocracias , que com seus critérios extremamente técnicos e rígidos comprometiam a agilidade das decisões e por conseguinte de toda a economia.

Os problemas burocráticos são apontados por muitos especialistas como uma das principais causas do fracasso dos regimes socialistas. Uma interpretação mais recente, realizada após a decomposição da União Soviética e a reunificação da Alemanha, apresenta o socialismo real como uma forma intensa de pré-capitalismo. Na argumentação de Kurz, o socialismo foi responsável pela transformação de sociedades predominantemente agrícolas (principalmente o caso da Rússia) em sociedades industriais (v. sociedade industrial ). Ao longo de pouco mais de meio século ele promoveu nos países que o implementaram as mesmas modificações na estrutura econômica que demoraram mais de duzentos anos para se realizar no restante da Europa.