Karl Marx


Karl Marx (1818-1883) Todo economista está de certa forma familiarizado com as idéias e a influência de Adam Smith. Não muitos reconhecem em que medida a economia também está em dívida com Karl Marx, não como o fundador de um movimento político que tem preocupado o mundo desde então, mas como um economista cuja dissecação do capital tem muito a nos ensinar. Luta de Classes Adam Smith foi o arquiteto da ordem e do progresso do capitalismo. Marx foi quem diagnosticou sua desorganização e sua desaparição com o tempo. Suas diferenças estão baseadas na forma totalmente oposta em que cada pensador contempla a história. Do ponto de vista de Smith, a história era uma sucessão de etapas naturais, através das quais passava a humanidade, ascendendo desde a sociedade “primitiva rude” de caçadores e pescadores, até a etapa final da sociedade comercial. Marx enxergava a sociedade como uma constante luta entre as classes sociais, as classes dominantes em luta contra as classes dominadas em cada época. Além do mais, Smith acreditava que a sociedade mercantilista representaria uma solução harmoniosa, mutualmente aceitável, e o problema do interesse individual num ambiente social se manteria para sempre, ou pelo menos por um longo período de tempo. Marx via a tensão e o antagonismo humano como resultantes da luta de classes e não considerava permanente o estabelecimento da sociedade capitalista. Desde então, a própria luta de classes, expressa como o debate sobre os salários e os lucros, seria a força populsora que mudaria o capitalismo e com o tempo o destruiria. Grande parte do interesse pela obra de Marx se centra nessa perspectiva e propósito revolucionário. Mas o que nos interessa é o Marx economista, por um motivo diferente: também analisou a economia de mercado como uma força poderosa na acumulação de capital e riqueza. No entanto, o estudo do mercado se dava através de uma ótica crítica, visto que este sistema estava cheio de conflitos e imperfeições, portanto seu ponto de vista discordava da análise de Smith. O conceito de Smith sobre o processo de crescimento, era de que o sistema auto-regulador promoveria o crescimento livre de impedimentos. O conceito de Marx era justamente o oposto. Para ele, o crescimento é um processo cheio de obstáculos, um processo no qual, a cada momento, encontramos crises ou falhas graves. Marx começa com uma visão do processo de acumulação que se parece muito ao de um homem de negócios. O problema jaz em como fazer que determinada quantidade de capital-dinheiro guardado no banco ou investido numa empresa aumente. Como é que M (uma quantidade de dinheiro) se converte em M’, ou seja, uma quantidade maior? A resposta de Marx começa dizendo que os capitalistas usam seu dinheiro para comprar mercadorias e força de trabalho e assim preparam o processo de produção, obtendo as matérias primas que necessitam e contratando mão-de-obra. Aqui, a possibilidade de ocorrer uma crise se encontra na dificuldade que podem ter os capitalistas de obter suas matérias-primas ou sua força de trabalho a um preço adequado. Se, por exemplo, a mão-de-obra fosse demasiado cara, M (estoque de capital) se manteria imobilizado e o processo de acumulação nunca se iniciaria.